dobutamina
Sobre a dobutamina – O que é, como e quando usar? Artigo para profissionais de saúde.
O que é a Dobutamina?
Agente predominantemente inotrópico (aumento da força de contratilidade cardíaca), que atua principalmente nos receptores β-1 adrenérgicos. Possui ação menor em receptores β-2 e 𝝰 adrenérgicos.
Frequência cardíaca: Moderado efeito cronotrópico positivo (aumento da frequência cardíaca)
Resistência vascular sistêmica: Geralmente reduzida pela estimulação β-2 e redução do tônus simpático secundário à melhora do débito cardíaco. No entanto, como possui alguma ação 𝝰-1 que induz vasoconstrição periférica, este efeito vasodilatador inicial pode ser contrabalanceado, levando à uma estabilidade da resistência vascular sistêmica.
Pressão arterial média: Depende da resposta miocárdica ao estímulo inotrópico. Se a estimulação inotrópica levar a um aumento do débito cardíaco e frequência cardíaca, a PAM pode se elevar. Porém, devido ao efeito vasodilatador, se este for dominante, a PAM pode reduzir.
Quando considerar usar?
Sinais de baixo débito cardíaco e hipoperfusão tecidual.
Exemplos mais comuns:
– Choque cardiogênico
– Choque séptico com débito cardíaco inadequado
– Insuficiência ventricular direita (como na hipertensão pulmonar descompensada)
Doses e diluições da Dobutamina
– Nome: Cloridrato de Dobutamina
– Nomes comerciais: Dobutrex, Cloridrato de Dobutamina ABL Brasil
– Concentração: Cada ampola contém 250 mg de dobutamina em 20 mL de solução, resultando em uma concentração de 12,5 mg/mL.
– Diluente: soro fisiológico 0,9% ou 0,45%, soro glicosado 5% ou 10%, ringer lactato
– Concentração máxima permitida: 5000 mcg/mL (250 mg de dobutamina diluídos para 50 mL).
– Estabilidade: Temperatura ambiente (15°C a 30°C): 24 horas. Não é necessário proteger da luz.
– Tempo de ação: 2 minutos
– Meia-vida plasmática: 9 minutos
– Uso na gravidez: B
– Ajuste para função hepática ou renal: Não
– Infusão: em acesso periférico (preferir veia calibrosa) ou central. Quanto mais concentrada a solução, maior o risco de flebite.
– Incompatibilidades: Soluções alcalinas, como a injeção de bicarbonato de sódio. Não usar a dobutamina em conjunto com outros medicamentos ou diluentes contendo bissulfito de sódio e etanol. A dobutamina é também incompatível com: succinato sódico de hidrocortisona; cefazolina; cefamandol; cefalotina neutra; penicilina; ácido etacrínico e heparina sódica.
– Compatibilidades: quando administrada por tubos tipo Y, a dobutamina é compatível com dopamina, lidocaína, verapamil, cloreto de potássio.
– Sugestão de diluição: preferir a diluição concentrada – diluir 4 ampolas de dobutamina (250mg/20ml x 4 = 1000mg/80ml) em 170 ml de soro. Existe a diluição de 1 ampola de dobutamina (250mg/20ml) para 230 ml de soro, mas esta é pouco prática devido à grande quantidade de fluido que é infundida no paciente em 24 horas (por muitas vezes, pacientes com indicação de dobutamina também se beneficiam de restrição hídrica).
Como usar Dobutamina?
– Iniciar com dose mais baixa de 2,5 mcg/kg/min e titulação em alguns minutos
– Doses usuais: 2,5 a 10 mcg/kg/min
– Dose máxima: 20mcg/kg/min
– Doses > 10-15mcg/kg/min estão relacionada maior ocorrência de eventos adversos
– Avaliação de resposta: melhora da perfusão, melhora de débito urinário, clareamento de lactato. PAM não deve ser utilizada como um padrão isolado.
– Em pacientes usuários de betabloqueadores: suspensão é recomendada, estes pacientes podem precisar inicialmente de doses mais elevadas para atingir o efeito terapêutico
– Em pacientes hipotensos: considerar início de vasopressor (noradrenalina) antes da infusão da dobutamina para garantir perfusão coronariana e sistêmica, após adequada resposta ao inotrópico, desmamar vasopressor. Se hipovolêmico, corrigir hipovolemia.
– Desmame: não é consensual. Buscar por resolução das causas de descompensação. Se insuficiência cardíaca crônica, considerar início de vasodilatador oral ou venoso antes do desmame. Geralmente desmame lento de 1-3 mcg/kg/min a cada 6 a 24 horas. Acompanhar tolerância individual de cada paciente por parâmetros clínicos e laboratoriais (perfusão, débito urinário, lactato).
Se refratariedade ao desmame, o paciente poderá ser candidato a dispositivos de assistência circulatória de longa duração ou transplante cardíaco.
Cuidados e contraindicações
– Infusão prolongada (acima de 2-3 dias) pode gerar taquifilaxia (rápida diminuição do efeito do fármaco)
– Pode ser arritimogênico (especialmente em doses elevadas ou na associação com vasopressor) – FA de alta resposta, taquicardia ventricular
– Pode piorar isquemia cardíaca
– Contraindicações: Estenose sub-aórtica hipertrófica idiopática, feocromocitoma, taquiarritmias ou fibrilação ventricular. Hipersensibilidade à dobutamina.
Bibliografia
– Comitê Coordenador da Diretriz de Insuficiência Cardíaca; Rohde LEP, Montera MW, Bocchi EA, Clausell NO, Albuquerque DC, Rassi S, Colafranceschi AS, Freitas AF Junior, Ferraz AS, Biolo A, Barretto ACP, Ribeiro ALP, Polanczyk CA, Gualandro DM, Almeida DR, Silva ERR, Figueiredo EL, Mesquita ET, Marcondes-Braga FG, Cruz FDD, Ramires FJA, Atik FA, Bacal F, Souza GEC, Almeida GLG Junior, Ribeiro GCA, Villacorta H Junior, Vieira JL, Souza JD Neto, Rossi JM Neto, Figueiredo JA Neto, Moura LAZ, Goldraich LA, Beck-da-Silva L, Danzmann LC, Canesin MF, Bittencourt MI, Garcia MI, Bonatto MG, Simões MV, Moreira MCV, Silva MMF, Olivera MT Junior, Silvestre OM, Schwartzmann PV, Bestetti RB, Rocha RM, Simões R, Pereira SB, Mangini S, Alves SMM, Ferreira SMA, Issa VS, Barzilai VS, Martins WA. Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda. Arq Bras Cardiol. 2018 Sep;111(3):436-539. Portuguese. doi: 10.5935/abc.20180190. Erratum in: Arq Bras Cardiol. 2019 Jan;112(1):116. doi: 10.5935/abc.20190004. PMID: 30379264.
– Gutierrez, E. J. (2023). The Vasopressor & Inotrope Handbook: A Practical Guide for Healthcare Professionals. Eddy J. Gutierrez.
DOBUTAMINE. Label via DailyMed.
Food and Drug Administration
Updated date: 2024-12-09
– Dobutamine in the Management of Advanced Heart Failure. Ahmad T, Manohar SA, Stencel JD, Le Jemtel TH. Journal of Clinical Medicine. 2024;13(13):3782. doi:10.3390/jcm13133782.
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